sexta-feira, 13 de abril de 2007

Entre as calçadas


A Gisele e a Aline reclamaram nos comentários que na minha descrição eu não tinha mencionado o Mackenzie e que estava com vergonha de assumir que estudo lá. Daí fiquei com vontade de escrever sobre isso.

Não eu não tenho vergonha de dizer que estudo no Mackenzie. Antes das questões político-ideológicas que envolvem a questão, eu considero que poder cursar Jornalismo lá é uma grande oportunidade na minha vida, da qual eu jamais poderia reclamar.

No meu terceiro ano do ensino médio (na escola estadual Profº Gabriel Ortiz) eu aprendi sobre a Ditadura militar. Eu tinha uma professora de história que eu admirava muito, e que hoje posso analisar que gostava dela porque ela era de esquerda, mas na época eu simplesmente gostava das suas aulas e dos seus efeitos na gente.

Lembro que em um dia ela nos levou à biblioteca e lá eu peguei um livro que tinha fotos da época do regime militar. E lembro de ter visto fotos da histórica briga entre os estudantes do Mackenzie e os da USP na rua Maria Antônia, em 1968.

Eu via aquilo tudo com admiração, mesmo sem entender muito bem porque eles haviam brigado. Para mim, conhecer a história daqueles estudantes era o mesmo que ouvir sobre aqueles que tinham derrubado a Bastilha. Era uma realidade muito distante da minha.
Mesmo depois de ter entrado no Mackenzie e na FFLCH eu demorei um tempo pra associar este fato à minha vida.

Não podemos tentar enquadrar São Paulo sob um único espectro de visão. Ela é uma cidade muito grande com pessoas diferentes. Existem paranóias que são comuns à maioria (Palmeiras x Corinthians, por exemplo), mas algumas pertencem a grupos restritos.

Imagine se eu, moradora do longínquo Jardim Nordeste (sim, ele faz parte de São Paulo), um bairro onde fazer um curso universitário já te torna uma exceção iria ter vergonha de poder estar estudando em uma das melhores universidades do país.

Sem dúvida posso afirmar que há resquícios daquela antiga discussão nas duas. Sim, os estudantes ainda são muito diferentes, mas agora que vivemos em uma democracia, devemos respeitá-las e procurar ver o que temos de semelhante.

Quem sabe assim teríamos um movimento estudantil realmente representativo. E quem sabe assim, nossa cidade deixaria de lado certas paranóias, para baianos e paulistanos poderem curti-la numa boa...

texto publicado em www.paranoiapaulistana.blogspot.com

2 comentários:

Rose Soler disse...

Grande Lívia!!!!
É, tenho que admitir que o meu "pré-conceito" com relação ao Mackenzie não era relacionado à História, e sim aos alunos que estudam nele. Eu tinha aquela imagem pré-concebida de que todos os que estudam lá são metidos. Mas veja só! Encontrei pessoas maravilhosas com as quais me dou muito bem e que quero levar como amigas para o resto da minha vida.
Ou seja, isso é Mackenzie..hehehe

Bjs

Bianca Hayashi disse...

Ah, danadinhaa! A Gisele postou seu texto =D