segunda-feira, 14 de maio de 2007
“Ele está no meio de nós”
Fui à missa de canonização de Frei Galvão no Campo de Marte, presidida pelo papa Bento XVI. Foi muito emocionante, para mim que sou católica. Mas neste post quero falar basicamente sobre os não católicos.
Muita gente andou dizendo por aí que toda a preparação para a vinda do Papa ao Brasil foi um exagero. Acho particularmente que esse é o tipo de comentário de quem gosta de botar nosso país pra baixo. É claro que tinha que haver toda aquele cuidado, afinal se alguma coisa acontece com o papa em terras brasileiras, imagine os prejuízos políticos, econômicos, culturais que todos nós teríamos que enfrentar. Isso é sim responsabilidade do Estado.
Que a mídia se tornou um pouco excessiva, isso posso concordar. Até eu cansei de ver a Fátima Bernardes pulando de galho em galho, de igreja em igreja. Mas também acho justificável, porque não foram todos que puderam como eu, estar presencialmente em um dos eventos que o Santo padre participou. O Brasil é um país muito grande, onde as estatísticas ainda mostram que o catolicismo é a preferência religiosa entre as pessoas. Se o jornalismo é feito para a opinião pública...
O que achei errado na mídia e conseqüentemente nos comentários das pessoas foi se apegar a detalhes que não refletem a real importância do evento. A polêmica do tema do aborto, entre outros, deixou de lado a descrição do que realmente aconteceu por aqui.
Antes de burocratizar e politizar tudo o que envolve a Igreja católica, as pessoas deveriam tentar entender o que move aproximadamente 1 milhão e 200 mil pessoas em um lugar para celebrar um ritual. E o porquê de diferentemente da Virada Cultural, por exemplo, não acontecer uma briga ou confusão. O clima era um dos mais agradáveis.
Quem me conhece sabe que eu sou meio hippie. E pra mim a missa no campo de marte foi um momento muito paz e amor. Acho que até mesmo um ateu concordaria comigo se estivesse presente naquele momento lá. Não acho que minha religião detém a única verdade do mundo. Mas a missa confirmou o que Jesus disse: “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei entre eles”.
É isso que muitas pessoas não conseguem enxergar. Não aconteceu uma adoração ao papa, que é um homem como todos os outros. As pessoas não estavam ali por ele. A sua presença é que possibilitou uma recarga das energias positivas que muitas vezes são esquecidas e que a partir de um evento diferente são rebuscadas.
Além disso o que eu pude perceber naquele dia e também através da mídia é que o papa se mostrou totalmente contrário à idéia de estrelato e deu uma grande lição de humildade. O que parece é que ele que mais ganhou com o encontro. O fato de se esforçar pra falar nosso idioma, muito bem, aliás, nos mostra isso.
Durante sua homilia, ou discurso, como preferirem, o papa salientou que necessitamos de “inteligências simples”. Acho que os intelectuais deveriam ser mais tolerantes com a fé dos outros. Eu mesma tinha uma certa antipatia por Bento XVI, mas depois desse fim de semana passei a admirá-lo. E ainda mais este povo brasileiro, culturalmente acolhedor, e que se não tem fé, tem ao menos esperança.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Livia, ainda não tinha lido seu texto, por pura falta de tempo, mas agora que li adorei!!!!
Sem querer vc deu um "tapa na cara" (com classe) de algumas pessoas que menosprezaram a visita do Papa ao Brasil ou a consideraram simplesmente um "fenômeno de espetacularização da mídia". Realmente a mídia cobriu de forma excessiva este fato, algumas vezes nos levando a exaustão. Mas, como você mesma disse, este é um fato raro, que não ocorre todos os dias, e por isso merecia uma cobertura a altura.
Assim como você, também nutro uma certa "antipatia" pela pessoa Bento XVI. Mas, ao contrário de você não tive a chance de vê-lo pessoalmente. Quem sabe se tivesse tido esta oportunidade mudaria minhas opiniões assim como você modificou as suas? Bem, mas agora não dá mais... Quem sabe em uma próxima visita??rs
Belo texto Li!
Concordo com vc, as pessoas perdem o foco ao querer criticar a religião antes de entender o que realmente une as pessoas. Elas resolvem jugar as atitudes dos homens sem pensar na fé dos que realmente tem esperança de mudança, mudança q o cristianismo prega.
Se isso não acontece, se algumas pessoas burlam isso, não altera o real motivo que uniu muita gente ali e une em templos de diversas religiões...não o Papa, mas Deus.
Expetáculo ou não, a essência não se perde no coração de muitos.
obs: Que raça essa a de jornalistas...espetaculariza as coisas e depois condena o espetåculo...Que sejamos diferentes...
bjos
Postar um comentário