domingo, 15 de março de 2009
O inferno são os outros
Qualquer semelhança entre o filme “Entre os muros da escola” (Entre les Murs, França, 2008)e a peça teatral existencialista “Entre quatro paredes” (“Huis clos”), de Jean-Paul Sartre, não deve ser mera coincidência.
O filme do diretor Laurent Cantet mostra diversas situações de conflitos entre um professor de francês e seus alunos da 7ª série em situações que se mostram quase sempre sem saída.
A produção, vencedora da Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2008, mostra as complexidades da sociedade além das diferenças étnicas, porque fazem parte dos confrontos de subjetividade entre professores e alunos, e entre os próprios professores e a organização escolar.
Cada qual constrói muros invisíveis entre si, e com isso, deixam de enxergar o outro ser humano, e compreender suas necessidades e seus objetivos dentro daquele espaço, e assim, a convivência se torna insustentável.
Ao contrário do inferno da peça, na escola há a opção, como o próprio enredo aponta, de um caso de expulsão, o que paradoxalmente é sempre evitado. Mas a grandeza do filme, e talvez o que lhe aproxima da grande obra de Sartre, é não apresentar soluções para aqueles que permanecem entre os muros.
Foto: Divulgação (G1.com.br)
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