sexta-feira, 26 de junho de 2009

O Michael de Henrique


Em 2007 eu fazia estágio no Programa Ler e Escrever, na primeira série de uma escola municipal da Zona Oeste, próxima à USP. Na classe, havia um aluno chamado Henrique, fã de Michael Jackson aos sete anos de idade.

Henrique era um dos alunos mais carismáticos da sala. Esperto, comunicativo e sobretudo muito persuasivo. Era muito interessante quando a professora às vezes lançava algum debate na sala de aula e ele prontamente respondia exatamente aquilo que ela queria ouvir.

Apesar de bagunceiro, ele sempre defendia que os alunos deviam ser comportados, modalizando a voz, usando palavras difíceis, como quem quer mostrar que está falando sério. Ele era brilhante, e nem tinha aprendido a ler e escrever.

Em determinado dia, a professora avisou que haveria uma festinha na sala de aula e a professora levaria o "som" para a classe. Henrique perguntou se poderia levar o seu CD do Michael Jackson. A professora e eu ficamos surpresas com a proposta do menino, e ela concordou.

No dia seguinte, Henrique era um dos mais ansiosos para começar a "festinha". Chegou na sala e rapidamente tirou o CD de sua mochila para a professora tocá-lo. A música era "Bad", e logo ele começou a dançar, imitando os passos do rei do Pop, andando para trás, com o seu sorriso esperto no rosto. Fez o maior sucesso.

Henrique contou que o seu tio que o ensinou a ser fã de Michael. Eu e a professora nos divertimos muito naquele dia. Ela não acreditava que aquele menino que, assim como eu, não tinha idade suficiente para ter visto, como ela viu, o pequeno Michael se tornar um mito, podia gostar tanto do cantor.

Michael morreu, mas a lembrança e a influência dele ainda ficará por muitas gerações.

5 comentários:

Lívia Lima disse...

Esse post não tem intenção nenhuma de criar alusão ou duplo sentido em relação às acusações de pedofilia de Michael Jackson. Trata-se realmente de uma história que eu vivi, e Henrique, aos 7 anos, realmente gostava das músicas de Michael.

RDS disse...

É incrível como alguns problemas do passado podem influenciar nossa vida. Michael parecia ter sérios problemas psicológicos devido a seu pai e uma criação rígida demais. Suas mudanças de face e etc demonstraram, talvez, uma pessoa tentando ser algo diferente de si mesmo. No fim das contas ele ficou realemnte parecido com sua irmã Janet, talvez ele estivesse feliz em ficar com o nariz fino que tanto queria.
Entretanto, ouvindo algumas pessoas próximas a ele falarem de sua personalidade, percebi uma criança que nunca cresceu e que gostava e inspirava crianças. Não sei se os problemas sexuais com crianças eram reais ou um mal entendido usado para ganhar dinheiro.
O que vale é que o cara também fez parte da minha infância e modificou muitos padrões tidos como imutáveis até sua chegada. No fim, Michael era uma criança que não cresceu e queria ver o mundo como ele o demonstrava: brilhante e cheio de ritmo.
Sua profunda tristeza talvez fosse nao ter sido o suficiente para o seu pai, ou melhor, nao ter sido o quanto ele quis para poder mudar o mundo todo. Bem... a seu modo, ele conseguiu.
Bela história, Livia, Beijão

Bianca Hayashi disse...

Muito bonito o relato, Lí! Acho impressionante como uma criança hoje sabe quem é o Michael Jackson e o tem como ídolo. Comovente.

Jéssica Santos disse...

Adorei vc dividir essa experiencia
Independente de qq coisa, MIchael era um artista extraordinário né

Rose Soler disse...

Certos astros conquistam gerações, mesmo que não sejamos seus contemporâneos.

Que post lindo!!

Bjos

Ps: demorei, mas passei por aqui. Agora vc me deve uma visita..rs