quinta-feira, 7 de abril de 2011

Serei eu (ainda) jornalista?


Neste dia do jornalista que já está acabando, me pergunto: ainda sou jornalista? Por diversos caminhos da vida eu não estou trabalhando na área; isso significa que meu diploma (que já não é obrigatório) ficou, de vez, na gaveta?

Muitos acreditam que o jornalismo é uma missão, um sacerdócio. Concordo que ele é uma atividade que está além das relações trabalhistas, e é também por isso que, neste aspecto, é tão desvalorizada; as condições de exercício da profissão são muitas vezes injustas e precárias, a classe não é unida, entre outros problemas.

Sob o pretexto de afirmar que basta ter talento para escrever bem e correr atrás da notícia, custe o que custar, a profissão em si não é socialmente institucionalizada, o curso acadêmico é desmerecido e, no meio de tudo isto, nós, estudantes, recém formados etc. nos doamos muito por muito pouco.

Imagino como seria hoje minha vida se eu tivesse conseguido aquele estágio na Globo,no "Profissão Repórter", ou tivesse passado na entrevista para o Focas do Estadão, dentre tantas outras oportunidades. Talvez estivesse realizada, mas pudesse ser menos crítica em relação à mídia e comunicação, como sou hoje.

Às vezes penso em como seria se tivesse insistido em procurar algum trabalho minimamente digno e seguro, com o qual eu pudesse investir em meus projetos pessoais, como estou fazendo agora, longe do jornalismo. Não sei dizer se seria melhor ou pior. Não me arrependo e acredito em um certo destino, de acordo com as condições que a vida me deu.

Ainda assim, para mim o jornalismo é uma profissão maravilhosa e muito honrada e eu tenho muito orgulho em dizer que sou uma jornalista. Não praticante, mas que ainda assim faz uma oração, quase em segredo, sempre que pode.

Um comentário:

RDS disse...

Pois é, Li, acho estranho dizermos que somos ou não praticantes. Apesar de profissão, jornalista é coisa de alma... na verdade, para mim, é uma mistura de profissão de detetive com alguém que esteja depondo perante um júri. De um lado vc precisa garimpar a informação e ter certeza do que diz, ou melhor, a certeza é difícil, mas vc deve estar o mais próximo que puder de uma verdade. De outro lado, é preciso dizer tal verdade, doa a quem doer e mesmo frente a muitas pessoas que podem te julgar, sendo ou não vc o réu. Aí vc diz, "mas eu não pratico". e eu digo, depende. Nossos colegas que foram para jornais, programas de rádio TV e etc. praticam? Creio que sim. E aqueles que fazem comunicação interna? e os que trabalham estratégias de Com.? E aqueles que mexem exclusivamente com net? E os assessores, os que trampam de relações, os que viraram fotógrafos... enfim
Quem é ou não é está no coração e quando digo isso nao me refiro apenas ao sentimento, mas sim a forma de atuar, seja na profissão que for.
Tenho pra mim que um pesquisador acadêmico, seja de que área for, é também um bom jornalista, mesmo que não seja um teórico da Com. Se vc busca a verdade, uma mensagem clara, informações baseadas em fatos e quer transmitir tudo isso de maneira a se fazer entender pelo maior número de pessoas... bem, vc é um jornalista a meu ver. Temos de nos manter críticos, o que nos impulsiona a continuar aprendendo e pesquisando, ou seja, investigando, ou melhor, para não ser confundido com o jornalismo policial ou investigativo usemos a palavra garimpar... é o que fazemos.
Olhamos aquele bolo de dados, de falas, de imagens e informação e tentamos buscar discernimento suficiente para separar o joio do trigo (e publicar o joio, diriam alguns rs).
A resposta para suas perguntas, afinal, é: não sei! Nao sei o que teria sido se isso ou aquilo tivesse ocorrido, mas tenha a certeza de que não é a única a se questionar... eu mesmo sou uma grande interrogação a mim mesmo.
O que posso dizer é que muita coisa poderia ser diferente sim (de valorização do profissional até a carreira que escolhemos, ou que o mundo nos permite ou empurra a trilhar), mas tenha a certeza de que exerce seu papel, mesmo que não tenha um carimbo em sua carteira de trabalho para confirmar isso. O dia a dia é que define isso. De resto, eu te pergunto, quantos jornalistas, nas redações, ditos ativos, exercem ou não a profissão?
Beijos, Renan