domingo, 27 de abril de 2008
Um só quadrado!
Ano passado eu escrevi no Blog sobre a Virada Cultural, contando como eu me meti em algumas situações pelas quais eu passei. Este ano, pela segunda vez que participo, eu pensei mais sobre as outras pessoas que curtiram as 24 horas de Cultura em São Paulo.
Acho que nenhum outro evento da cidade consegue atrair pessoas tão diferentes. Primeiro, descendo da estação do Metrô (República), me vi diante de vários grupos de roqueiros, uns comedidos, outros ultra-personalizados. Desde cuturnos a AllStars sujos (como os meus, que estavam limpos, mas agora já estão no tanque), eles eram bem extravagantes e chamavam atenção.
Passei pelas ruas de reduto GLS, vi michês e travestis, vi a tribo dos estudantes "pseudo-intelectuais-alternativos", a tribo dos regueiros e forrozeiros, com camisetas ao estilo Taidai e sandálias de dedo, enfim, encontrei desde meninas com minimicosaias ao estilo "pagode-funk", até senhoras ao estilo "mães-avós", um tanto perdidas noite adentro.
Apesar dos conflitos no ano passado durante a apresentação dos Racionais, acredito que essa é a única festa promovida pelo Estado, que valoriza as diferenças, com espaço para todas os tipos de manifestação cultural. É interessante observar como as pessoas da periferia se deslocam para o Centro, em uma tentativa de realmente fazer parte da cidade, e como pessoas mais ricas esquecem o medo da violência e abrem mão de suas blindagens para caminhar pelas ruas.
Acho que essa característica do evento é o que fez com que ele se consolidasse e se tornasse um sucesso de público a cada ano. Não é uma tentativa de criar uma identidade única forçada através da imposição de "gostos", há um respeito pela diversidade. Não se trata de uma festa idealista. Ela é inspirada apenas na "Nuit Blanche" francesa, e não em seus princípios iluministas...
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4 comentários:
Meu, Lívia... genial! (no sentido literal, que fique bem claro!!!) Seu post me fez entender algumas coisas dessa Virada que eu não tinha sacado antes... algo que me incomodou o tempo todo e agora (lendo seu post), eu saquei.
Ano que vem, vou na Virada contigo, hahahaha. Fui neste ano, mas fiquei bem pouco... andei pela República e Anhagabaú, muito lotado, muito metaleiro e capoeira.
Mas não achei nada muito diferente da vida normal do Centro. Quer dizer, estava mais perigoso, porque o povo bêbado é um porre, hahaha. Mas beeem sussa...
Eu discordo quando você diz que as pessoas tentaram fazer parte da cidade. Acho que só estavam procurando a maior balada que você já esteve (definição de quem estava comigo). E concordo quando diz que as pessoas ricas abrem mão de suas blidagens e esquecem o medo da violência. É foda...
Tenho algumas outras indagações, mas prefiro fazer contigo apenas :P
Beijos
Mais uma vez fui convidada prá Virada e.. amarelei..rs
Isso em mim já é uma tradição,sempre digo que vou e na última hora desisto. Preguiça, sono, cansaço ou falta de vontade são sempre os motivos que alego prá ficar em casa "virando na cama", como disse ontem.
Mas confesso que acho essa idéia interessante - a idéia de unir em um mesmo lugar pessoas diferentes, com gostos e preferências diferentes - convivendo, pelo menos na edição deste ano, de forma pacífica.
Quem sabe no ano que vem eu me convença a aproveitar a virada com vcs?
Bjos
bom...nem todos deixam a "blindagem" em ksa...e acabam não indo mesmo. Conheço alguém que não foi apenas porque achava que o centro estaria lotado de maloqueiros... e porque não curtiu a programação. Mas mesmo que curtisse, não iria devido à tal maloquerada.
Bom, tirando pessoas como esta que mencionei, concordo com todo o post. Menos com a parte de que as pessoas querem fazer parte da cidade. Tb. acho, "Yukitori", que tudo o que todos querem na Virada é uma grande balada.
Não nego que eles só estejam afim de ir pra balada, mas o fato de ser um evento que mobiliza toda a cidade, faz com que a ação de algumas pessoas esteja conectada com o que no cotidiano não está....foi isso que eu quis dizer....
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