domingo, 6 de novembro de 2011

Ocupar ou não ocupar, eis a questão



Em um momento em que as manifestações estão surgindo em toda a parte, desde o mundo árabe até nos Estados Unidos, aqui no Brasil as coisas não poderiam ser diferente. O destaque da vez é a ocupação da reitoria na USP; o motivo, a prisão de estudantes da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) que portavam maconha.

Eu estudei na FFLCH por seis anos (e ainda sou uma aluna matriculada) e durante todo esse tempo presenciei diversas situações e movimentos de contestação, em meio a greves e outras crises da universidade.

Eu nunca fui uma estudante engajada, morava muito longe, estudava no Mackenzie ao mesmo tempo, depois comecei a trabalhar, enfim, não tinha pique nem paciência para participar de assembleias nem manifestações.

Para a maioria dos alunos do noturno, essas coisas eram para os filhinhos de papai pseudointelectuais (e maconheiros) que tinham o dia todo livre para ficar na USP. Um estereótipo, um preconceito, sim. Mas que muitas vezes se confirmava, como agora na ocupação.

Atualmente os movimentos sociais e manifestos estão cada vez mais desmobilizados e existe uma cultura de que nada disso funciona, que não vale a pena lutar. E a sociedade e a mídia ajudam a propagar essa opinião, contribuindo para a manutenção do status quo. Parece que os resultados nunca são alcançados.

Mas acho que diante dessa ideia, os próprios movimentos deveriam pensar em novas formas de atuação, justamente para não confirmar essa visão. Os estudantes que ocupam a reitoria ao invés de garantirem melhores condições para o debate, estão fazendo com que todos fiquem contra eles, que aparentemente parecem rebeldes sem causa.

Posso dizer com propriedade que temos motivos para reivindicar. De todas as faculdades da Universidade, a FFLCH é a que menos tem investimento, nossas condições de estudo são precárias.

Eu sou contra a polícia militar no campus porque acredito que por si só ela não garante a segurança no campus. A universidade precisa de mais iluminação e mais ônibus circulares, para que possamos nos movimentar mais rapidamente entre os prédios. Além disso, a presença da PM envolve interesses políticos, intimida manifestações e ameaça um retorno às ações do período da ditadura.

Acredito que precisamos de uma polícia que se preocupe mais com a prevenção de assaltos e estupros e não apenas queira se mostrar eficiente e se exibir por prender usuários de drogas. Mas acho que a ocupação da reitoria não está funcionando e novas formas de contestação devem ser pensadas. Esse é o grande desafio.

foto: Jornal do Campus, de 2009.

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