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terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

O poder do mito


Nesta magrugada, Fidel Castro tornou pública uma carta na qual renuncia o seu mandato de presidente da Républica socialista cubana, onde esteve na liderança por 49 anos.

Seja como revolucionário, ou chefe de Estado, Fidel se tornou uma figura muito forte. Ele era a representação não somente do regime que defendeu todo este tempo, mas era a imagem do próprio país, e continuará sendo. Como nosso presidente Lula afirmou, trata-se "do único mito vivo da humanidade".

Este fato histórico está mobilizando os outros países que acreditam que este é o momento de instaurar o modelo "ideal" de democracia, ou seja, o capitalismo neoliberal. Apesar de considerar que o socialismo de Cuba já sofria muitos problemas, é o momento de se questionar: Será que a abertura política e econômica será a melhor escolha?

Penso no que acontecerá daqui em diante. Será que o socialismo, comunismo, seja com que nome for, ainda terá espaço na sociedade? Será que direita e esquerda serão termos ultrapassados e inutilizáveis? Será que as ideologias só se mantém enquanto houver grande líderes, grandes mitos? Isto só o tempo poderá nos responder...

sábado, 24 de novembro de 2007

DECLARO SER POBRE


Uma situação que me aconteceu sexta-feira me fez avaliar muito as coisas em que acredito. Felizmente ela confirmou os meus princípios. Mas antes de narrar a situação, quero antecipar o assunto a partir de um dia antes, em uma aula de ciência política.
Estudando Bobbio, estávamos discutindo o livro "Esquerda e Direita", nele o pensador italiano diz que se considerou uma pessoa de esquerda quando se sentiu mal ao ver as desigualdades sociais em suas viagens. Me lembrei imediatamente da célebre frase de Che Guevara: "Se você treme de indignação perante uma injustiça, então somos companheiros".

Enfim, na sexta fui ao Poupa Tempo da Sé. Fui tirar um novo RG porque perdi minha carteira. Eu a reencontrei, mas o dinheiro não estava mais lá. Algúem que nem me lembro quem comentou: "É claro, estamos no Brasil!".
Na Sé, assinei ao lado da afirmação - "Declaro ser pobre, conforme Lei nº 7.115/83". Isso para não pagar a taxa de R$21 e alguns centavos.
Como é uma situação desconfortável. Mas ao mesmo tempo, é ridícilo se sentir mal, por não ter dinheiro para obter um documento que prova a sua existência. Quais são as vantagens de viver em uma sociedade em que você é o que tem, o que compra, o que consome? E por que se submeter de tal forma a isso, se sentir culpado por não estar enquadrado neste tipo esperado, por não ter dinheiro, por ser pobre.

Ao meu lado, um homem também tirava seu registro de identidade. Suas roupas estavam sujas e velhas. A funcionária perguntou: "Seu endereço?". Ele respondeu: "Não tenho, não senhora". Isso me fez tremer de indignação. Me fez crer que sou realmente de esquerda, mesmo sem saber em que esquerda devo me encaixar. Sinto não pertencer a nenhuma, nem às alienadas demais, nem às vendidas demais. Mas sinto que ainda devo lutar pelo nosso país, lutar pelos seres humanos, que mesmo sem lar, comida, família, ainda querem ser considerados cidadãos brasileiros, querem ter uma IDENTIDADE.