
Em 2007 eu fazia estágio no Programa Ler e Escrever, na primeira série de uma escola municipal da Zona Oeste, próxima à USP. Na classe, havia um aluno chamado Henrique, fã de Michael Jackson aos sete anos de idade.
Henrique era um dos alunos mais carismáticos da sala. Esperto, comunicativo e sobretudo muito persuasivo. Era muito interessante quando a professora às vezes lançava algum debate na sala de aula e ele prontamente respondia exatamente aquilo que ela queria ouvir.
Apesar de bagunceiro, ele sempre defendia que os alunos deviam ser comportados, modalizando a voz, usando palavras difíceis, como quem quer mostrar que está falando sério. Ele era brilhante, e nem tinha aprendido a ler e escrever.
Em determinado dia, a professora avisou que haveria uma festinha na sala de aula e a professora levaria o "som" para a classe. Henrique perguntou se poderia levar o seu CD do Michael Jackson. A professora e eu ficamos surpresas com a proposta do menino, e ela concordou.
No dia seguinte, Henrique era um dos mais ansiosos para começar a "festinha". Chegou na sala e rapidamente tirou o CD de sua mochila para a professora tocá-lo. A música era "Bad", e logo ele começou a dançar, imitando os passos do rei do Pop, andando para trás, com o seu sorriso esperto no rosto. Fez o maior sucesso.
Henrique contou que o seu tio que o ensinou a ser fã de Michael. Eu e a professora nos divertimos muito naquele dia. Ela não acreditava que aquele menino que, assim como eu, não tinha idade suficiente para ter visto, como ela viu, o pequeno Michael se tornar um mito, podia gostar tanto do cantor.
Michael morreu, mas a lembrança e a influência dele ainda ficará por muitas gerações.