
Neste dia do jornalista que já está acabando, me pergunto: ainda sou jornalista? Por diversos caminhos da vida eu não estou trabalhando na área; isso significa que meu diploma (que já não é obrigatório) ficou, de vez, na gaveta?
Muitos acreditam que o jornalismo é uma missão, um sacerdócio. Concordo que ele é uma atividade que está além das relações trabalhistas, e é também por isso que, neste aspecto, é tão desvalorizada; as condições de exercício da profissão são muitas vezes injustas e precárias, a classe não é unida, entre outros problemas.
Sob o pretexto de afirmar que basta ter talento para escrever bem e correr atrás da notícia, custe o que custar, a profissão em si não é socialmente institucionalizada, o curso acadêmico é desmerecido e, no meio de tudo isto, nós, estudantes, recém formados etc. nos doamos muito por muito pouco.
Imagino como seria hoje minha vida se eu tivesse conseguido aquele estágio na Globo,no "Profissão Repórter", ou tivesse passado na entrevista para o Focas do Estadão, dentre tantas outras oportunidades. Talvez estivesse realizada, mas pudesse ser menos crítica em relação à mídia e comunicação, como sou hoje.
Às vezes penso em como seria se tivesse insistido em procurar algum trabalho minimamente digno e seguro, com o qual eu pudesse investir em meus projetos pessoais, como estou fazendo agora, longe do jornalismo. Não sei dizer se seria melhor ou pior. Não me arrependo e acredito em um certo destino, de acordo com as condições que a vida me deu.
Ainda assim, para mim o jornalismo é uma profissão maravilhosa e muito honrada e eu tenho muito orgulho em dizer que sou uma jornalista. Não praticante, mas que ainda assim faz uma oração, quase em segredo, sempre que pode.